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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Estamos com fome de amor...


Arnaldo Jabor

Uma vez Renato Russo disse com uma
sabedoria ímpar:
"Digam
o que disserem, o mal do século é a solidão".
Pretensiosamente digo
que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo
em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com
roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes
ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados,
engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e,
sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os
novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era
resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos
dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar
performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e
depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que
perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que
não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos
desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que
a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá
uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como:
"Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci
pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em
meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos
e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento
e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o
solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens
(mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa
verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é
feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos
fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado,
"pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou
mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não
volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você
na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade
de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado
tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é
pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar
iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser
estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o
vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a
dizer pra alguém:
"vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos
dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique
comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes
idiota que infeliz!

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