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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Só ele salva


É sério, queridos editores

Texto e foto de Valéria del Cueto

As águas estão rolando. O que há de diferente nisso? Nada. Elas sempre rolam e todos sabem disso. Ano após ano, um verão depois do outro.

Podem variar um pouco os locais em que elas descem causando prejuízos sempre incalculáveis, mas nada que qualquer vidente bem preparado não acerte com 100% de certeza: ”Chuvas no sudeste”. Um pouco mais pro sul, leste e oeste, mas que rolam, elas rolam!

O que nos faria pensar em algo como um sistema preventivo e outro de atendimento de emergência. Tipo Defesa Civil, aquela que vem sendo desmontada e desestruturada, sabe?

Sabemos todos, menos eles, os responsáveis diretos pela falta de estudos, planejamento, estrutura e obras que deveriam ter sido feitas ao longo do(s) ano(s).

Qual será a parte do aviso de que “as mudanças climáticas serão severas e provocarão inúmeros e inesperados (pra eles) desastres naturais” eles ainda não entenderam?

É, por que além de não fazerem o dever de casa ainda roubam os recursos (mal) destinados para a questão. Entra ano, sai ano as notícias são as mesmas, variando um pouco de endereço.

Lembro de um ano em que todas as sextas feiras chuvas torrenciais botavam o carioca literalmente surfando nas ruas alagadas da cidade e expunham a fragilidade do sistema de defesa civil.

Ano passado, foi a região serrana que resolveu se mexer, sacudir e mudar sua plástica. O Google Map que o diga, por que os mais de 900 mortos não poderão testemunhar o que passaram.

São Paulo volta e meia também submerge, quase como Minas esse ano. Sempre foi assim, mas vem piorando a cada temporada os estragos e prejuízos. Também piora o atendimento às vítimas, já que não se altera ou melhora o sistema coordenado pela Defesa Civil. O que vemos são heróis, bombeiros, policiais, militares e voluntários gerando “cases” mostrados pela mídia.

Quando o assunto deixa de ser notícia, as providências prometidas vão para o fundo do baú das inconveniências momentâneas, aquele que só deverá ser reaberto após um período em que outros pequenos problemas sazonais como a seca, por exemplo, ocuparão posição de destaque no pódium da manchete da hora.

Lamentável, especialmente para a imensa população sujeita e exposta à irresponsabilidade das autoridades ditas maiores deste país.

Senão, vejamos: quando presidente Lula da Silva incumbiu a então Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff da tarefa de cuidar da questão da chuvarada da vez. Ano passado,quando a Serra Fluminense despencou a nossa recém empossada presidente anunciou, no dia 27 de janeiro de 2011 a construção de 8 mil casas na região, que estariam entregues até o final do ano. Passado, é claro...

E tudo continua como sempre foi.

Agora, a bola da vez é a ministra Gleisi Hoffmann, convocada em plenas férias (!) para a tarefa que já fez parte da pauta da atual mandatária. Tomara que a execute de forma mais eficiente, leve a sério as informações que os desastres climáticos só tendem a piorar e que, a cada manifestação da natureza, no momento, só tenhamos certeza das mortes que poderiam ser evitadas e dos prejuízos irrecuperáveis para as comunidades atingidas.

Na verdade, há sim, mais uma certeza! Que o sol de verão voltará a brilhar e será o maior cúmplice da amnésia política e governamental que imperará até a próxima estação. Afinal, será ele o responsável pelas severas secas que castigarão os flagelados da vez.

* Valéria del Cueto é jornalista, cineasta e gestora de carnaval. Esta crônica faz parte da série e “Ponta do Leme”, do SEM FIM http://delcueto.multiply.com

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